Em Busca da Expressividade Perfeita
O homem que hoje fotografa esta riqueza de cores e detalhes nasceu míope de 14 graus, astigmático e daltônico. O entalhe em madeira, os rabiscos a lápis e pincel serviram como apêlo expressivo, porém ainda mudo e bastante cifrado, coisa que represava e impedia de nascer uma ‘língua nova’. A arte daquele menino tímido estava em demasia presa ao tato, porque a visão nunca foi o seu forte…
Hoje, depois do encontro com as lentes, a câmera se fez a extensão de meu corpo. Por ela eu digo o quão plausíveis são as possibilidades de ‘enxergar’ através da alma, da sensibilidade. Sem a câmera talvez eu fosse um homem irriquieto e aprisionado. Mas é pela fotografia e com a fotografia que eu executo em plenitude a liberdade. Isso é meu anseio, quando fotografo: que todos sejam livres, a partir da contemplação e do autoconhecimento. E quiçá assim sejamos menos desumanos.