A Verdadeira Búzios

Discordo radicalmente de um segmento critico, que diz ser Búzios uma cidade rica.

Bem, o que se pode afirmar com certeza é que o orçamento público é alto, o que eleva a riqueza per capita ao patamar da ilusão de ótica.

Ocorre que esse orçamento público é 73% subsidiado por recursos externos – a fazenda municipal arrecada apenas 27% por esforço próprio, dentro do município; acrescente-se a isso, que o volume quase total desse orçamento artificial é comprometido pelo custeio, e uma parte enorme é dirigida a terceiradoras de serviços, restando cerca de 6% para o investimento.

Aprofundando apenas até aqui, concluímos desapontados que também o pouco investimento sofre de mal planejamento. É ausente o tipo de investimento infraestrutural, que alimentaria um ciclo virtuoso de desenvolvimento.

Vejamos bem, considerando válida esta análise, concluiremos que, quem diz que Búzios é rica certamente tem o cacoete da classe média tradicional: só olha o cume da pirâmide, sem debitar a pobreza e a miséria abaixo, na ampla base.

Essa classe crítica não considera que o capital ‘real’ do território está imobilizado. De um lado nas mansões, nas glebas particulares e no ambiente natural, e de outro, na falsa potência orçamentaria pública, também ‘imobilizada’ pelos compromissos de governo citados acima, que não despejam liquidez em Búzios, visto que as grandes terceirizadoras são sediadas fora da cidade.

Ainda cabe ressaltar que os melhores salários do setor público são injetados fora de Búzios, especialmente em Cabo Frio.

Feitas estas considerações, efetuemos: Búzios menos orçamento público subsidiado, menos capital imobilizado, menos ecossistema degradado, menos deficit infraestrutural… é palpérrima; tão pobre que a simples mudança do ponto de ônibus de frente ao Celso Terra para a frente da 1001 fez fechar 2 lojas! (foto abaixo).

O dinheiro não circula. O veraneio não proporciona a fixação de uma classe média consumidora importante e o turismo, amador, não se sustenta em nível desejável o tempo todo.

O que quero dizer com isso? É que só começaremos a resolver nossa estagnação quando reconhecermos com realismo a gravidade da situação.

O discurso de que Búzios é uma cidade rica artificializa a crítica e fornece uma falsa base ao planejamento público, cada vez mais ficcional.

(Fontes econômica e orçamentária: IBGE 2014)

Lojas fechadas no Centro

Duas lojas fechadas ao lado da Asfab, após a retirada do ponto de ônibus que movimentava o local.

Problema humano – África é humanidade

Segundo a OMS, na África há 14 milhões de crianças órfãs de pais vitimados pela AIDS. Nós que vemos um traço de co-dependência e identidade humana entre quaisquer sujeitos do Mundo, e não nos deixamos alienar, acreditamos que este é um problema HUMANO. Por sua vez, o imperialismo ocidental, cuja maior cabeça é os EUA, acredita que este é um problema AFRICANO. Parece não haver dúvida entre os estudiosos do assunto, que 80% da miséria africana é consequência do intervencionismo colonialista. 

Potências universais, com ganância nas riquezas daquele Continente, jogaram tribos e povos uns contra os outros, apoiaram ditaduras e genocídios… Com a exaustão de recursos naturais, ou com mudanças nas estratégias econômicas, os conflitos de interesse foram abandonados para serem resolvidos ou agravados por tribos e povos desestruturados, deformados, sem sistemas formais de saúde e de educação. Os 14 milhões de órfãos são, em decorrência disso, órfãos do Mundo, vítimas da geopolítica ocidental. •

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A Fórmula do Poder Absoluto

Amigos, está sacramentado que a democracia é o menos pior dos sistemas. Estudamos isso, e é com esta verdade que a América tenta libertar os ‘oprimidos’ do mundo, nem que seja sob o fogo de suas bombas e conspirações. Mas, não obstante a falta de opções, nada custa analisar a democracia capitalista, pelo menos nos moldes desta, encontrada por aqui.

Vivemos uma sociedade legitimamente opressora, que exerce o poder através da MAIORIA. Esta massa vencedora é pretensamente quem governa, e vive cantada em versos, cada vez que exerce sua plena LIBERDADE, sua cidadania, nos colegiados, nos conselhos e nas eleições. Essa fração soberana costuma se chamar 50% mais 1, num esquema analiticamente simplificado, mas repleto de sentido estrutural. Exatamente este é a retrato aritmético do poder: 50% + 1.

Quando dispomos assim os dados, logo somos iludidos a crer que uma fina ‘camada’ permite a àquela classe eterna (49%) derrotar a outra (49%), pois o fiel da balança seria 1% mais 1, facilmente conquistável por ambas as partes. Então corremos às eleições – vamos vencer a elite! Doce ilusão esta. O topo da pirâmide é finíssimo, a base é enorme.

O problema tão complexo é historicamente elucidado à medida que olhemos pela ótica de Celso Furtado, quando ele assevera que “O Brasil é uma criação do Estado português. Não se trata de uma sociedade que construiu um Estado e sim de um Estado que constituiu uma sociedade.” E não seria difícil concordar com ele, através de nossa noção prática das coisas.

Porém, que sociedade “construída” é essa? Seria possível forjar uma sociedade inteira? Não seria algo grandioso demais? E, em um cruzamento truncado de variáveis, entendemos que garantir o controle nas mãos do 1% mais 1 foi um golpe de inteligência maquiavélica. Esta minoria iluminada, “fiel da balança”, é o topo da cadeia alimentar, segundo a antropofagia oswaldiana, e o topo da pirâmide, na visão marxista.

Pois então: ao contrário do que se pensa, o desafio da tirania minoritária é manter cativo os 49% que lhe falta, para constituir a democrática MAIORIA – e travestir-se de POVO.

Aí também se entende porque a Educação básica é um embuste para os pobres, mas oferece privilégios estratégicos para o 1% mais 1, que domina, enquanto a Educação Superior, onde esteve concentrado o gasto e a qualidade, manteve secularmente filtros que impedem o ingresso dos malformados na base discriminatória: é preciso ‘cozinhar’ os 49% (no mínimo), para contar com eles na sustentação de uma democracia à la portuguesa. Na Educação Básica são separados os eleitos para dominar e os predestinados a serem dominados.

Mas, como essa MINORIA se mantém por tanto tempo? Seria natural o governo dos melhores?

Você já ouviu falar em financiamento PRIVADO de campanhas políticas? Já ouviu dizer que a mídia brasileira está a serviço do capital? Então, anote a sentença: a maioria NUNCA será livre para influenciar nas decisões públicas, enquanto não houver uma verdadeira refoma política, porque a primeira providência do império é garantir que o poder seja refém do DINHEIRO, e zelar para que o dinheiro fique nas mãos de só 1% da Nação.