Sustentabilidade versus concreto

Nas últimas décadas, a demanda crescente por residências de veraneio em Búzios, somada às características da mão-de-obra local, fixou o paradigma de que a construção civil era uma vocação econômica.

Esta conclusão fez a Economia privada bipartir-se entre a residência de veraneio e o Turismo de Hospedagem, em prejuízo do incremento deste último, como objeto de direcionamento urbanístico desenvolvimentista. Por sua vez, as forças políticas, de cunho claramente populista, desde cedo estiveram a serviço dessa ‘indústria’ – de concreto e de falsas verdades. Políticos e pretendentes, cooptados pelos lobbies empresariais, através de financiamento de campanha e outras afinidades, mal podem demarcar onde terminam os interesses da Cidade, os próprios e os dos lobistas.

É por esta ótica  que me parece essencial a percepção, o esquadrinhamento, desse falso paradigma, para então desconstruí-lo em sua irracionalidade. Obviamente, estando aquele paradigma arraigado como está dentro da cultura buziana e constituindo uma apropriação cultural, é preciso ter coragem para quebrar o paradigma de que a construção é fonte essencial, social e unívoca de riqueza. Pelo contrário. Colocar a construção como ‘produto fim’ no ciclo econômico é um vício temerário, que tende a distribuir concreto sobre toda a superfície do Município, sem que o IDH-M se mova um décimo.

Temos então que parar e fazer um balanço, discutir com a sociedade, para entender se o enriquecimento está sendo da Cidade inteira ou de apenas uns grupos. A natureza buziana não suporta mais concreto, e as pessoas de bom senso já se desconfortam diante das mentiras.