Caridade versus Justiça

Se o mundo fosse justo, a caridade, no sentido que de imediato nos vem à mente, seria desnecessária. Se os governos fossem equilibrados, também os programas sociais seriam quase totalmente dispensáveis. 

A justiça social e a equinanimidade governamental teriam sido o caminho para um mundo melhor, mais fraterno, menos violento. 

Ocorre que hoje, sem o mundo ser menos injusto, a caridade cada vez mais se recolhe. 

A religião (e os afortunados), no geral, outrora patrona das causas do povo, alcança um estágio de alto dogmatismo e abstração; quase volta a vender indulgências, contradizendo-se no materialismo consumista; provam-se as obras que ‘vivificam a fé’ com atos até pirotécnicos, mas não se mortoficam em dedicação ao outro. 

Por sua vez e neste sentido é que o ‘estado mínimo’ deixaria seus órfãos. Os programas sociais são necessariíssimos. Trata-se daquela mão que ergue o sujeito, e que deve, contudo estimulá-lo a dar os próximos passos. 

No fim, quem tutela a vida colabora com o Sagrado.

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