Exemplo e Oportunidade – as maiores forças na Educação

Se a provinha do IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação básica) tivesse sido aplicada na escola do Albert Einstein, na fase que equivalesse à nossa quarta série (atual 5º ano, pela Lei 11.114), certamente sua nota não teria nada a contribuir com a média dos seus colegas. Principalmente no que diz respeito à aprendizagem da língua pátria – o Alemão. Não se subentenda aqui que eu esteja a cair na falsa informação extremista de que Einstein ‘’foi reprovado em Matemática’’.

A realidade educacional aplicada à vida prática de certas personagens tem-me sido de interesse há bastante tempo. Desde cedo leio biografias dos chamados gênios, o que me fez passar pelas mãos um importante volume de livros e revistas. Principalmente em tempos de fartos índices forçados por instituições internacionais, e adotados por motivações de disputa e exegética econômica, para explicar atrasos ou avanços que afetam, primordialmente, o lucro de bancos e capitalistas. Aliás, a maquiagem que se pode produzir com índices descontextualizados justifica a expressão ‘para inglês ver’.

Obviamente o IDEB, e talvez o ENEM, são daqueles marcadores que muito nos interessam, porque, mal ou bem, fazem-se necessários para se jogar aos olhos da Sociedade e do Poder a realidade lastimável da Educação no Brasil. É importante frisar que, pelo menos em Português e Matemática – doutrinas fundamentais, auferidas pelo IDEB – as médias são extremamente controversas e preocupantes.

Defendo que, no cotidiano, o desafio não é meramente avaliativo, mas de todo um contexto socioeducacional. Um aluno com larga vantagem nas Ciências Humanas, artes, performance esportiva etc dificilmente será bem avaliado pela métrica tradicional; talvez apenas um dos marcadores (Matemática ou Português) poderá ‘captar’ sutilmente a nuance de seu desempenho. Estão à porta da escola, por exemplo, as drogas, a violência, a gravidez na adolescência e a ociosidade como indícios reais do fracasso familiar e colegial.

Então, que haverá de positivo no IDEB? De volta à realidade, acredito que os índices não passam de médias, e disso não devem passar. Não podem assumir a condição de valor absoluto, mas servir como instrumento de gerenciamento educacional e até de triagem de vocações. O desempenho nas Ciências Exatas pode estar subsumido na avaliação do conhecimento matemático, bem como o desempenho na Língua Pátria pode revelar tendência nas Ciências Humanas.

No caso de Einstein, ser um aluno normal, mediano, segundo a rigidez dos padrões escolares, não o impediu de ser o maior cientista da História. O que salta aos olhos na biografia daquele gênio é que seu desenvolvimento socioeducativo esteve livre da imposição religiosa ou doutrinária, e rica de exemplos e de oportunidades.

Se eu pudesse resumir o que pude deduzir a partir da história pessoal daqueles homens seria isto: as duas maiores forças da Educação são o EXEMPLO e a OPORTUNIDADE. Não considero que professores mal remunerados, desmotivados e falantes de um idioma defeituoso seja algo exemplar. Também não é exemplar um pai que não lê, que lança mão dos favores do Poder ao invés de investir e empreender. Também não contribuem os adultos que não se sentam com suas crianças ante uma paisagem, e não chamam a atenção para a transição de nuvens, o vôo dos passarinhos, os sons, as cores, as formas, a história das coisas…

De igual modo, o modelo de ensino está a fadado ao desastre e à convulsão social, quando não estiver contido num sistema rico de oportunidades e possibilidades. Se, por uma enorme ‘fatalidade’, a Educação chegasse a ser boa, sem ser oportunizadora, seria como gerar um rio que não tivesse caminho pra desaguar no mar.

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