Terceirização da opinião

A propaganda comumente é a técnica de embutir os maiores sentidos nas menores mensagens. Através da densidade subjetiva, a propaganda diz mais ao subconsciente e ao senso estético ‘padrão’ do que ao intelecto.

O intelecto é um escravo da memória, enquanto o subconsciente se situa ao fundo, como uma forma de memória secundária, marginal, que não passa pelo filtro da razão, como se fossem as memórias ROM (read only memory) dos computadores.

Manchetes do ‘jornalismo’ contêm a densidade atômica da propaganda: a arma que inocula o subconsciente, como a radiação nuclear, que deforma gerações sem ser vista ou cheirada ou digerida.

Ao se veicular dez vezes a negação de um fato, mesmo assim o ‘fato’ estará sendo inoculado dez vezes. É assim que chegamos ao mercado e uma força irracional nos leva para o OMO, para a Hellmans, para a Sadia ou Perdigão… É assim que, se descuidados ou mal educados, vota-se em políticos reciclados pelo marketing.

Muitas vezes o processo racional repele a mensagem, enquanto a ‘alma’ acena para o texto, com identidade e simpatia.

Atualmente o desvendamento do universo subliminar das informações revela o esqueleto nu da luta de classes. (Já li uma dúzia de reacionários que negam a ‘luta de classes’, mas nenhum que colocasse a grandeza de seu equívoco num texto mais complexo do que qualquer propaganda…).

Por falar à moral individual – que é herdada ou engendrada, em grande parte, por processos irracionais, subconscientes – a corrupção costumou ser usada para denegrir tanto quanto para enriquecer, desde as mais remotas organizações políticas da História. Aristóteles narra casos governamentais que devem retroagir a 1000 a.C.

Confúcio, 500 a.C. Doutrinou sistematicamente contra a corrupção, e transmitiu aos discípulos seus métodos morais para combatê-la. (Lendas dizem que ele colocou seu discurso em prática e teve êxito).

A corrupção é um fato social (E. Durkheim) incontestável. Ela jaz como um volumoso mar tranquilo sob as instituições, mesmo as mais insuspeitas como o Judiciário, a Imprensa e a Igreja.

Mas, como um furacão, a imprensa escolhe o momento, e transforma uma baía tranquila em perigosa tsunami; a corrupção só aparece quando se estapeia o cristalino espelho, fazendo ondas e espumas.

São essas ondas e espumas no velho mar que vão despertar tudo o que se inseriu no subconsciente moral da massa, formando a CRISE, transformando algo habitual e consentido no MAR de lama “jamais visto”.

Consequentemente, reduzir a corrupção ao foro das intimidades, para que não usurpem o bem coletivo, requer desvendar os métodos que a acobertam em momentos de ‘bonança’. •

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